
Ontem os meus olhos se abriram apenas uma vez, e eu acordei do que eu mal lembrava ser a vida. Tudo ao meu redor era diferente, e eu conseguia sentir tudo aquilo sobre o que escrevia. Acordei pra vida, depois de tanto tempo. E foi necessário tão pouco. Eu mal precisei falar, e falei tanto, e ela falou tanto, e ao mesmo tão pouco. Eu não consegui entender muito bem o que acontecia, mas sabia onde estava me envolvendo, e ao mesmo tempo corria, pra longe pra perto, com todas as forças dividido entre jogar-se ou ser atraído. Trata-se de um acontecimento singular.
Eu sabia que a partir do momento em que o primeiro se abrisse, eu estava acabado. E se abriu, e me acabei. E sabia comigo que depois do primeiro mergulho, já estava realmente envolvido. Sem volta. Quantas notas, e quantos rascunhos, foram esboçados naquela hora, eu não tenho a mínima idéia, parecia que Bach estava ativando um velho piano metamórfico, colocando toda minha fúria sentimental avermelhada pra fora daquela caixa antes tão vazia, e agora tão cheia de cores, notas, formatos, e sorrisos. Eu realmente me perdi quando o primeiro se abriu.
Ela nem ao menos contou as palavras, e eu também não. Sou um mal contador, sempre contei as palavras erradas, talvez eu tenha escolhido as certas, mas a quantidade. Sério, sempre precisei comprar muitas letras, isso resultou na minha inacreditável e divertida tagarelice. Respirei fundo, e me interessei, e fiz interessar-se. Fiz meu mundo resumir-se a quatro paredes, e a dois sorrisos, dois olhares, e um grande clichê de inverno. Me sentia em algum dos tantos filmes que indico. A vida dá grandes viradas, e ao abrir seus olhos, deseje estar onde eu estive, a sensação é ótima, única, e muda sua vida.
Eu ia mesmo perguntar a mesma coisa...
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