
A primeira vez que me falaram, eu não acreditava muito na teoria. Deixei o tempo passar, pra que me contasse se as garras cresceríam nos meus dedos, ou alguma geleca verde fosse escorrer da minha boca. Nada aconteceu, mas um dia quando eu menos esperava, senti um aperto no peito, e não dei muita bola. Continuei com as minhas ações, visando pensar nos meus supostos rumos alternativos. E sem muita demora, senti outro aperto no peito. Não sabia o que aquilo significava, e continuei sem dar valor ao que me atingia.
Semanas depois, talvez sentado ou em pé, me caiu a ficha, que meus olhos não tornaríam-se vermelhos, ou a pela encheria de furúnculos. Tudo que acontecia, todas as monstruosidades no meu corpo, iríam se resumir no meu coração. Todas as ações que eu pensava não ter valor, estavam contadas em algum lugar, e eu não entendia como, mas naquele momento, o monstro era eu. Estava em mim, em cada acontecimento movido pela minha pessoa.
Eu já não podia mudar, era tarde, tudo que eu queria fazer era me escovar, mas nada me limpava, já estava feito, não havia volto. E eu tentei. Cheguei a limites extremos e caí de tanto cansaço, minhas travessuras me mataram, e eu morri pra mim mesmo. Aquele velho David, eu deixei morrer, coloquei num caixão, levei ao cemitério, e enterrei. Eu não derramei nenhuma lágrima, não havia motivo, com ele, foram páginas da minha vida, mas eram elas ou a doença em si, e eu não poderia viver com um câncer aniquilando minha vida todos os dias. Decidi que a monstruosidade em mim devia morrer pra que eu pudesse viver.
Nesse grupo de jovens eu pergunto: O que a páscoa significa para você?
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