
De repente aquela criança depois do banho começou a rir, enrolada numa toalha ela mirou-se no espelho como gente grande, passou a mão nele limpando o embaçamento, fitou fundo seus próprios olhos, e tentou espairecer sobre o que havia lá dentro. Ele queria saber onde seus olhos estiveram, quem eles viram, o que aconteceu quando eles esboçaram o que não deviam. Cuidado pequenos passos onde vão, dizia alguém atrás dele, e ele se assustou. Tudo o que sabia é que não podia mais fugir daquela voz na sua consciência. Toda vez que errava, olhava fundo nos olhos, não sabia como parar aquilo.
Ele colocou a mão na cabeça, riu levemente, e então de rompante iniciou um pranto desenfreado, que cessou em três segundos, ele se sentiu estranho, e pranteou de novo, o ato começou a seguir-se por pranto, e normalidade, até que o próprio menino pensou estar louco, pensou estar sendo falso consigo mesmo. Fechou os olhos, vestiu-se, mas o sentimento o perseguia e ele disse consigo mesmo, quantas vezes eu chorei neste lugar, e nada mudou. Nada aconteceu alí, mas tudo que ele guardava nos pensamentos era de que uma voz ecoava em sua cabeça, e um solo de cordas também.
O menino sentou no quarto, e vagarosamente fechou os olhos, ele sentia frio, e lá fora na rua, sobre as árvores e os arbustos, nada podia se ver. Alguns acordes destemidos de sua canção começaram a tocar, e ele sentiu que queria sumir. No fundo sabia que não queria, mas a culpa, o sentimento doloroso, dizia que ele precisava desejar aquilo, e mesmo não pensando, no fundo de sua mente, ele nunca foi capaz de uma loucura, nem o queria, mas queria sentir o momento triste, porque aquele dia, não era feliz, não era latejante, era sobre não saber como acabar com um problema, e se sentir mal por isso.
Quantas vezes eu chorei aqui, e nada aconteceu...
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