
Eu tomei aquele cajado nas mãos, mesmo sem saber, e comecei a carregar várias pessoas comigo onde quer que fosse. Mesmo sem saber, quando eu falava com Deus, aquelas vidas estavam impostas a mim, e eu não sabia. Possuía uma responsabilidade mal grifada, pouco marcada, vista, mas não entendida, que fui entender tarde demais. Toda semana por alguns meses sentia, mas não sabia dizer se era algo sobre ausência familiar, ou se estava cansado demais. A época pra vestibular passava, e mesmo assim, eu sabia que lá no fundo não tinha o direito de deixar Lajeado. Simplesmente não podia.
Eu queria aquela liberdade que aquela quantia absurda de colegas estava tendo, eu queria tentar a universidade, mas não sabia o que poderia acontecer se eu fosse embora. Me sentia coluna demais pra deixar este lugar, não via resultados, pessoas fortes, prontas. Eu enxergava o mesmo discurso toda semana, e isso não bastava. Eu desejava medicina, mas não sabia se sobraria alguém bem o suficiente pra ajudar minha família. Então eu adiei, e perdi várias oportunidades me fazendo de tolo, pra ninguém notar que eu sentia precisar ficar mais um pouco aqui.
Hoje, eu sei do cajado e da espada. Algo que de forma triste foi parar em minhas mãos. Mas eu não nego, eu aceito. Porque destino pra mim, está totalmente ligado a querer ser alguém ou não, a quem você foi escolhido pra ser quando nasceu, ou quem você acabou diferentemente se tornando. Se você foi gerado com planos, e acabou mudando todos que conhecia. Se você vive plenamente, ou ainda não encontrou seu caminho. Mesmo que esse caminho passe das linhas que você cruzou, mesmo que passe de seus conhecimentos, mesmo que traspasse seus medos. Destino são as escolhas da sua vida. Quantas escolhas você tem feito?
Nós estamos lidando aqui com um rapaz de dezenove anos, então eu não posso esperar quatro dias pra medicá-lo...
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