sexta-feira, 15 de maio de 2009

You've seen me

Quando eu passo pela sessão pediátrica do hospital, vejo muitas crianças, bebês que ainda não tem consciência da vida. Eles mal se mexem, alguns deles não se mexem mesmo, dormem tranquilos em suas vidas tão sossegadas. Tudo pra eles é novo, são frágeis, e o mundo é grande demais, em fato, tudo é grande demais. Eles não tem vergonha de chorar pelo que querem, porque é a única maneira que eles possuem pra conseguir prioridades. Bebês, só pedem o que precisam, nenhum deles em sua limitada sabedoria quer carros, motocicletas ou casa, recém nascidos querem amor, querem colo, querem carinho, querem cheiro de mãe. Bebês não fazem exclusões, eles amam até mesmo o barbudo assustado.

Não importa o quão pequenos eles sejam, os pais sempre imaginam ter o filho mais lindo do mundo. Descobri recentemente que criança de colo bonita é gordinha, e quanto mais, melhor. Pra mim já é mais que suficiente saber que é pequeno, que é uma vida, e que são vários quando eu passo pela sessão pediátrica. As crianças são o nosso futuro, e por serem pequenos demais, ninguém consegue enxergar com excelente definição o dia de amanhã. Os únicos que vêem tudo mais, são aqueles que te amam, mesmo quando você faz cocô nas calças, seus pais.
Hoje eu escutei uma música sobre a vida de um homem, que dizia que se você já tivesse visto um pônei saltitando pelos campos, já o conhecia, e que se tivesse conhecido um homem com um braço apenas acertando o ar, o conhecia. E ele perguntava o que mais poderia pedir. Os bebês crescem, tornam-se lutadores, enfermeiras, fotógrafos e garis, lixeiros, e arquitetos. Cada um descobre uma história, cada um luta pelo que quer, mesmo não sendo mais o choro sua melhor arma, mesmo não querendo apenas o que precisa, mas o que julga precisar.

Eu aprendi com todos aquelas crianças, que se amorosamente eu não for como uma delas, nunca vou ser ninguém na vida. Não me importa ter tudo que eu quiser se eu não tiver com quem dividir. Não me adianta ser tudo que eu quero, sem ninguém pra festejar comigo, não há motivo em dizer eu te amo, se não houver ninguém pra ouvir sua voz. Então hoje, eu tomei a decisão de me tornar alguém, eu chamei a Ana, e sem mais ninguém contei o que pretendo. Amanhã vai ser um dia difícil, digo, hoje, é madrugada. Mas eu preciso disso, eu preciso saber pra qual direção andar. Eu preciso saber qual meu plano.

"Then you've seen me, I always leave with less than I had before..."

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