segunda-feira, 27 de julho de 2009

I tried but I can't let you go

Eu disse pra mim mesmo que te deixaria pra trás. Eu disse pra mim mesmo que este seria um mês de dez textos marcados. Eu repeti algumas vezes pra mim mesmo que não me permitiria mudar de idéia, que era tarde demais, que eu havia perdido a minha chance de escrever um final diferente pra este livro, outrora tão confuso e errante. Em algum momento algo me tocou dizendo que você não era o tipo que se dá as costas, que você não era o tipo encontrado em qualquer pedaço da vida, que você não era comum. Foi então que decidi entrar em contato, cruzar aquela linha tão surrada de riscos brancos e detalhes entalhados sobre o tempo. Eu não sabia o que te dizer, nem o que sentir, só mantive em mente que não poderia te deixar para trás.

Raramente a minha vida é mudada por uma pessoa. Eu costumo manter o conhecido e errado ego secreto, de pensar que mais ajudo as pessoas do que sou ajudado. Eu tomo por atitude ouvir, aconselhar, moldar por muitas vezes os tantos porquês, e dúvidas que os amigos me trazem, mas você me pegou de surpresa quando marcou meus dias. Não sei bem se comecei a enxergar-te como Romeu via Julieta , mas a minha vida foi mudada incompreendivelmente por sua causa. E você não tem a mínima idéia sobre como isso aconteceu. Basta saber que eu me sinto livre agora, como nunca antes.
Faziam quatro anos que eu não conseguia lembrar o quão incrível a vida era. Faziam quatro invernos que eu não conseguiria descrever tão bem quão colorido o frio pode se fazer, quando eu sei o que é viver e respirar de novo. Toda esta armadura em mim que soa forte, sábia e engraçada, não sabia ser usada antes que eu viesse a te encontrar. Porque tinha me esquecido o que é conversar com alguém sobre o que se tem vontade, e não sobre o tempo, tinha esquecido o que era liberdade, mas você me lembrou o que é isso quando decidiu voar.

Tive um sonho há alguns mêses, e um milhão de pessoas diziam que eu não iria conseguir. Todas elas com seus braços cruzados me encaravam repetindo por vezes o mesmo mantra. Eu corria desesperado em busca de solução e segurava sua mão suplicando por uma saída. Ontem eu fiz todas aquelas palavras ditas em um labirinto se calarem, quando preso a sua mão consegui o que todos eles me negavam. Engraçado pensar que tudo terminou da mesma forma que começou, de mãos dadas. Estranho ver que consegui mesmo depois de pensar ter desistido. Lá no fundo eu sabia que mesmo não querendo, meu sentimento nunca me permitiria te deixar pra trás.

"Porque quando tu fala isso me dá vontade de chorar...?"

segunda-feira, 13 de julho de 2009

I leave you behind

Eu não imaginava que a minha vida fosse tomar esse rumo. " Você já olhou para uma foto sua e viu um estranho no fundo? Te faz perguntar quantos estranhos tem uma foto sua. Quantos momentos da vida dos outros nós fizemos parte? Ou se fomos parte da vida de alguém, quando os sonhos dela se tornaram realidade? Ou se estivemos lá quando os sonhos dela morreram. Nós continuamos a tentar nos aproximar? Como se fossemos destinadas a estarmos lá, ou o tiro nos pegou de surpresa? Pense, podemos ser grande parte da vida de alguém e nem saber." Quantos estranhos tem uma foto sua?

Existem tantas pessoas parecidas com você, uma multidão de rostos diferentes, mas ligados por sonhos que são os mesmos que os seus. A maioria de nós perde parte do que pensou carregar durante mêses, anos, décadas, muito rápido. O tempo corre, e quando decidimos pensar na vida, nas estranhas voltas que ela dá, a sombra da dúvida entre o certo e errado começa sorrateiramente, sem percepção alguma, desaparecer entre os pensamentos, revelando a verdade sobre cada uma das suas decisões. E assim o dom da sabedoria revela-se ser a paciência.
Deveria existir alguma atitude repentina, alguma solução sobre a qual algum médico estudou, mas eu não consegui enxergar nada. Eu não tinha nada a dizer, e nada senti. De repente me dei conta de que os meus sentimentos não tinham sentido ou significado, e que por algumas horas estive me enganando. Não existiu nenhuma palavra, nenhum olhar, nenhum ato que valesse a pena ser executado. E eu não o cometi.

Não era sobre algo que eu fiz ou deixei de fazer. Tudo isso, todo esta dor de cabeça no peito, a qual eu não sei descrever com veemência, perspicácia ou precisão, tomou conta do meu entender, fazendo que eu compreendesse lentamente que não encontrara felicidade, apenas mais uma vida. Então rapidamente sopraram-se alguns incessantes devaneios escravizados, perguntando qual teria sido o momento em que eu a deixei para trás. Quando deixei uma pessoa pra trás? Não tinha haver com o horário do abandono cometido, mas com o momento em que percebi que a minha felicidade, e o verdadeiro David não estavam alí no segundo que soltei sua mão.

Eu deixei pra trás...

sábado, 11 de julho de 2009

Dawn scream

Ontem foi o auge do meu desespero. Quase setecentos e trinta dias prendendo no peito uma frase, sem dizê-la, e foi na madrugada de ontem que eu deixei ela sair acompanhada de uma respiração irregular. Uma mulher muito sábia me disse um dia, "rapaz te solta agora, porque eu demorei muito pra deixar sair de dentro de mim tudo que me prendia, e cinco mêses depois, quando eu estava sozinha em casa, foi que caiu a ficha e eu deixei me levar pelo sentimento". Eu descobri que se você leva tempo demais pra lidar com suas perdas, se perde no tempo, e se perde na vida. E é uma questão de saber controlar-se.

Eu luto pra não cair todos os dias, eu trabalho com pessoas todos os dias pensando no que elas poderiam pensar e dizer. Eu não era ligado ao que as outras pessoas pensavam sobre mim, e em certos aspectos continuo indiferente ao que falam, mas uma parte de mim nestes últimos tempos vem me chamando a atenção dizendo o que devo fazer. Então mesmo que não me importe com o que divaguem, ainda assim faço da maneira daquele que se preocupa com os outros e seus chiliques. Eu simplesmente preciso me encontrar nessa meia fase adolescente/adulto.
Eu não consegui dormir. Estava caminhando no meio daquela floresta e me via lutando mais uma vez. Desesperado, comecei a correr e golpear dando cada segundo pela minha vida, seus olhos eram horríveis, mas não podiam me ferir, e mesmo sabendo da vitória, precisava continuar. Acordei assustado, sem ter ao menos dormido, e foi então que ao lado da Ana citei as palavras que tanto me incomodavam nestes setecentos e trinta dias de espera sem fim, ela me entendeu, me aconselhou, tudo que ela sempre faz.

Eu não sei como acabar este texto, talvez com meu grito que não foi dado na madrugada. Com meu dramalhão de cada dia pelos frascos e comprimidos. Não sei realmente o que te dizer, só que ando cansado, pensando demais e me preocupando demais. Acho que eu deveria me abrir mais com as pessoas, despejar os problemas, sabe, fazer algo pra que a o peso seja descarregado em algum amigo seguro. Mas no fim eu arrumo uma maneira de resolver tudo, eu sempre resolvo como costumo dizer, e ainda saio com um sorriso por cima de toda história, mesmo que seja de um grito na madrugada.

Ele quer me matar, e eu sinto isso...

quarta-feira, 8 de julho de 2009

Time

Eu tenho tempo. Cada segundo que passa eu tenho tempo, perco tempo e ganho tempo. O tempo é uma massa, suave, maleável que segura por minhas mãos pode tomar qualquer forma. Posso passar horas deitado sem nada fazer, disperdiçando-a e deixando que se alongue até o chão, sujando um grande pedaço que provavelmente será desperdiçado, ou fazer algo decente. Na minha opinião somos escravos do tempo, mas também podemos fazê-lo nosso escravo. Se ele é maleável à minhas vontades e escolhas, posso escolher usá-lo bem. Em uma hora é possível correr muito, ou correr para algum lugar, basta escolher como usar esta hora, e decidir ser um escravo do tempo, ou escravizá-lo.

A cada dia que passa, a cada vez que olho para o calendário a única palavra que ecoa em meus pensamentos, no meu intelecto totalmente louco e conturbado é "setembro". Começa cada vez mais forte, como se fosse um chamado, mas a medida que esse tempo passa, e eu espero que seja mais cedo, espero ser mais tarde também. Algo que eu desejo, mas tenho medo de querer. Eu tenho uma pequena certeza de que não volto o mesmo depois deste mês. Eu tenho o leve pressentimento de que algo que eu nunca vivi, decidirá existir na minha história.
Eu abro meus olhos, e tudo é escuro, eu ouço um barulho que não costumo ouvir, ouço promessas de morte, ouço ruídos, barulhos estranhos que eu não costumo ouvir, e eu não canso de pensar que não costumo ouvir, e todos eles vem tentar minha fé, mas eu não vou ceder, eu não vou correr, eu não vou me mexer, porque não existe ninguém pra me proteger se eu me mostrar covarde. Se eu fugir serei despedaçado, se eu liberar medo, posso ser afogado, morto, acabado. Mas se eu não mudar antes, não penso no tempo que me vem a mente, e me perco no meio do caminho.

Eu penso que todo tipo de dragão pode aparecer, todo tipo de ser que voa, e eu posso estar no meio de uma guerra. Sei que pra você que lê é difícil compreender, mas eu preciso deixar registrado aqui o que pensava antes de caminhar pro meu setembro. Existem pessoas que mudam em um ano, que amadurecem quando perdem alguém precioso, quando ganham um filho e decidem ser adultos. Mas eu não cheguei lá ainda, mas preciso, e se está idéia não funcionar, ficarei sem soluções por um bom tempo. Então eu suspiro de novo pensando "setembro", e o silêncio expande minhas ações no campo da mente.

Tá, mas tu já sabe pra onde vai, quando sair daqui do trabalho?

terça-feira, 7 de julho de 2009

Jungle

O meu mundo é cheio de pessoas que gritam e que desesperam. Conviver com elas é fácil, eu sou calmo. Tenho meus momentos de irritados por algumas vezes, mas na maioria do tempo entendo as pessoas e tento aconselhá-las. Todos os dias eu lido com pessoas que não querem pagar diárias atrasadas, eu converso com algumas, discuto com outras, e em algumas variações diárias acabo ouvindo problemas familiares, dores de cotovelo, a mais nova pedida da rádio pela milésima vez entre outros acontecimentos e informações significantes. Se tem algo que eu aprendo mais sobre o ser humano todos os dias no trabalho é que têm necessidade de diálogo.

Todos os dias, sem tirar um nem outro eu ouço sobre traições, demissões, novos romances conturbados e agressões que ocorreram. Ninguém me pergunta se eu me interesso, elas simplesmente precisam compartilhar o que ouvem, e como ótimo funcionário, o dever é escutar atentamente até ser salvo pro alguém que ocasionalmente loca um filme em boa hora. Salvo pelo gongo alguns deixam suas histórias no ar e se vão, outros esperam calmos, em maioria idosos, e continuam suas incríveis histórias sobre o quadro que trocaram ou a vidraça que se quebrou.
Em um ano trabalhando na locadora o principal aprendizado que tomei, foi de que as pessoas não locam filmes, elas vêm conversar, e o mesmo em vários estabelecimentos. Pessoas precisam dialogar, é uma necessidade básica e nessa selva urbana, se encontram todos os animais socializados que desejam em algum momento do dia colocar tudo pra fora me informando sobre a vida. Eu recebo ligações de clientes no meio da tarde pra me avisar sobre os novos horários do cinema, alguma "fofoca" dos cinemas e como andam suas vidas. Às vezes é demais pra digerir.

Eu saio de lá no final de agosto, e já repeti isso umas trinta vezes, mas me faz feliz saber que mudo de ares, fico interessado no que me reserva os novos dias. Quero esvaziar minha cabeça de filmes, afinal é sobre tudo que eu tenho falado e comentado. Vou caminhar um pouco, talvez locar um filme, a quanto tempo não faço isso... Seria uma bela maneira de me despedir da locadora, locando um filme eu acho. Pra me despedir, meu chefe elogia meu trabalho, até demais, mas o salário não aumenta, e após reclamações, aumentaria, mas nada significativo, me desanimou. Então sem poder mais crescer aqui, eu me despeço, foi uma boa experiência nessa selva de filmes e pessoas.

"Eu não vou pagar uma diária a mais sendo que eu fiquei com o filme desde segunda e hoje é quinta, você deveriam ter me dito que um filme vinte e quatro horas não dura tanto tempo sem multa, a culpa é de vocês e diz pro teu chefe que perderam uma cliente." L.B.

segunda-feira, 6 de julho de 2009

You don't let it go

Existem coisas importantes sobre mim que você deve saber. A primeira é de que eu morreria em função de Cristo. A segunda é que enfrento meus medos quando cheio de adrenalina. A terceira e mais importante, tenho conciência de que não nasci em vão. Assim como existem detalhes sobre o meu perfil que firmam toda a minha vida como também meus princípios, existem situações e coisas nas vidas alheias importantes demais para que sejam deixadas. Cada pessoa guarda um pedaço importante da sua vida em algum lugar, seja uma caixa de memórias ou uma carta antiga. Eu, você, todo mundo é meio ligado em algo que lembre a importância de algo.

Não se deixa pessoas para trás é meu discurso. Jack costumava dizer, "se nós não vivermos juntos, vamos morrer sozinhos". Nós vamos morrer mesmo, mas que não seja só. O que nos diferencia dos bárbaros nas trincheiras é nosso amor. Não aquele sentimento incontrolável que incendeia adolescentes, inflamados por fúria e vigor, mas a presença de compreensão e necessidade por ajudar uma pessoa, por ter sede de justiça, desejo de sentir-se incomodado a querer mudar. Não aceitar este mundo como ele é, mas querer mudá-lo.
O que eu quero dizer é que não existe sentido em deixar um amigo deitado no meio do campo, quando ele faz parte de ti, mesmo que em algum momento distante. Não apenas os amigos, mas o seu amor. Meu maior conselho é de que nunca desista do seu amor, seja qual for o custo, mesmo que te faça perder tesouros significativos, lute por ele. A pessoa que ama é tudo que sua mão pode segurar na hora do desespero, não desista dela na hora da angústia, é o seu amor quem estará lá na alegria.

Existem pessoas que você não pode deixar para trás. Existem situações da sua vida que não é possível colocar em espera. Você não coloca seus planos e sonhos em espera quando sabe que sua vida depende deles. Não coloca o amor da sua vida em espera quando é ela que te completa. Você não deixa ninguém caído, ninguém machucado, ninguém assombrado por más lembranças. Não se deixa pessoas pelo caminho, elas são importantes demais pra que você se dê ao luxo. Não se pode fazer esta escolha, não se tem o direito, você não deixa o orfão, não deixa o velho, não deixa a noiva, são pessoas você simplesmente não deixa. Nunca.

Sim Ana se ele estivesse aqui ia me dar maior força com a "meu coração bate feliz" só porque tu está irritadinha, dá pra imaginar ele dizendo, "vai fundo guri".

domingo, 5 de julho de 2009

See it to believe it

Eu não me lembro da primeira vez em que enxerguei o mundo. Eu não consigo. É um tipo de memória que seria senão engraçado, bastante interessante de se ter. Talvez uma grande luz nos cegando por alguns momentos, ou um médico em seu uniforme casual, uma parteira cheia de panos e sorrisos, ou talvez a mãe toda realizada em enxergar o milagre da vida. A minha lembrança mais antiga talvez seja da época em que tinha três anos de idade. Meu avô juntava cacos de telha que haviam caído do telhado, e eu o ajudava. Ele pagava a maioria na frente do seu antigo mercado, e eu o enxergava com uma caixa de plástico verde na qual ele costumava guardar leites de saquinho. Bastante detalhes para uma primeira lembrança.

Sobre o dia, eu posso dizer que passei a tarde de segunda trabalhando sozinho, e pensando no quão difícil possa ser encontrar alguém pra trabalhar no meu lugar. Modéstia a parte, mas eu sou um ótimo funcionário, e faço o que posso pra melhorar. Meu patrão diz o mesmo, mas eu não enxergo o mesmo nos meus horários e muito menos no final do mês. Então avisados três meses antes, disse que sairía no final de agosto. Agora eles demiritam a minha colega, me encheram de serviço, e eu fico lá esperando o que vai acontecer a tarde toda de segunda.
A banda está bem, o baixista que havia largado o posto, volta a se aproximar, mesmo que seja só pra compartilhar algum sonho, e comer com a gente na lanchonete. O que me capacita a ficar feliz, é saber que a maioria deles está feliz e permanece firme em Deus. O resto não me importa muito, só quando algum deles se afasta, e isso é o que me causa insônia nas madrugadas. Eu me sinto responsável por eles, mesmo sendo o mais novo, me sinto responsável porque preciso responder por eles.

Então essa semana passada eu lembrei que eu não preciso ver acontecer pra acreditar que possa acontecer. Eu lembrei que é só buscar o reino antes de tudo, viver corretamente e ganho tudo que preciso. Não há necessidade nem clamor em mim de nadar em dinheiro, somente em me sentir completo, feliz e saber que ando onde devo estar. O dinheiro vem e vai, mas as lembranças, os momentos, as ações que eu demonstro vão além do que eu posso ver. Acreditar sem ver, é ter fé no que não se toca, mas sabe que está lá. Não preciso ver, eu acredito e tudo acontece e corre para o meu bem.

"Cause I can shake this fire deep inside my heart"

sábado, 4 de julho de 2009

Where is the cow?

Eu quase caí da cama, acordei apavorado, estava atrasado, já eram oito e vinte e cinco, não tinha muito tempo, fiz uma ligação, apressei minha mãe. Desde que virei um cara de processos adquiri o defeito de nunca me atrasar, então quando eu o faço, me irrito. Pegamos a Bee na casa dela, que por sinal não tinha se atrasado, mas não devia ter dormido muito bem. Depois de uma meia hora pegando caminhos alternativos por cruzeiro chegamos na chácara do vô. E pra falar a verdade, faz tempo que eu não apareço por lá, acho que está na hora de conviver mais com ele, aprender o que eu ainda posso, seja muito ou pouco, o que conta mesmo, é o tempo passado junto.

Saímos a caminhar pela enlameada plantação de arroz que por sinal acabou de ser colida. O panda não falou muito, acho que ele só se ativa mesmo depois das onze, anos de prática. Seguimos até a floresta e por lá serpenteamos caminhos cheios de barro. Só não voltamos porque a abelha é uma cabeça dura e teimosa, e eu porque não estava afim de bancar o mauricinho na roça, mas me diga, quem iria imaginar que existe uma ponte no meio do campo de arroz? Não existe, só um pedaço de cano, que se atravessa em dois, passo a passo. Queria que alguém tivesse caído, teria agora algo pra rir.
A gente foi lagartear na árvore-ponte que agora está inundada e quase totalmente submersa. Ela me contou relutante algumas histórias e eu aprendi mais um pouco sobre a vida na colméia. É bom dividir experiências, eu acho que as pessoas crescem com isso, mesmo que não tenha a mesma opinião, pelo menos me abre os olhos para o que as pessoas pensam, e ajuda a entendê-las. No fim o Rambo ganhou uma foto, e foi totalmente merecida.

Depois de um baita almoço que eu chamo de rango da vó, afinal comida de vó é outra coisa, tomei um remo, um salva-vidas e me mandei pro rio. Descubri que a Bee nunca aprendeu a remar, mas replica ela que sim. Acabei molhado por ela, mas me cobrei um pouco pelo menos. Se tivesse tempo faria mais alguma coisa naquele parque temático, mas o tempo é curto quando se trabalha em sábados, e não se pode programar muito. No fim o vô me pediu pra tirar uma foto com uma vaca dele, só pra mim mostrar pros meus "inúmeros" amigos interessados que os animais dele são mansos. E pra finalizar o dia, o pneu furou e eu deixei as damas pra trás, como um legítimo cavalheiro.

Bom, eu só atendo crianças e velhinhos, me deem um desconto...

sexta-feira, 3 de julho de 2009

Through the wilderness

Uma aglomeração cuspia na cara dele, zombava do meu melhor amigo. Gritavam alguns palavrões sobre ele, dizendo que merecia. Havia uma multidão enorme naquele lugar, e haviam escolhas pra que ele fosse liberto, mas o povo gritava pra que o matassem, pra que caísse ao chão e tomasse a mesma morte de todos os ladrões, uma morte sem honra, uma morte indigna, uma morte de dor, e o pior tipo de morte que existe. O chão cheio de pedras lembrava ele do que viria a seguir. O solo era áspero, sem sandalhas ele carregava o peso da humilhação nas costas, todos riam, gritavam, como se o Coliseu tivesse sido construído pelas ruas da cidade. E machucado, me passa o pensamento de que ele foi moido pelas minhas transgressões.

Provavelmente com ninguém na multidão corajoso suficiente pra ajudá-lo, pra gritar seu nome, ele lembrou dos bons momentos. Talvez ele pensava na noite anterior quando ninguém se juntou a ele na batalha. Talvez passaram pensamentos da época em que era uma criança. Ele sabia o porquê de haver nascido homem, do porquê de crescer nesta terra. Então os tapas e gritos o faziam voltar a realidade. E provavelmente lá no fundo ele pensava ainda com alguma esperança, vale a pena pelo David, tudo isso vai valer a pena por você.
Eles o chutavam , e começaram a machucar seus membros, havia sangue alí, e ele foi torturado, machucado, moido, mutilado. Se sentiu só, e eu me lembro de suas palavras que diziam, se você encontrar problemas, lembre-se que eu os encontrei antes e venci. E mesmo com toda aquela dor ele não gritava, gemia um pouco, mas não abria sua boca, ele recordava da infância, dos irmãos dos bons momentos, e quando as forças lhe faltavam, lembrava que eu precisava dele, e que ele não podia desistir, por minha causa.

Ele lembrou que venceu o inimigo no deserto, que caminhou até os mais longos vales e não desistiu. Eles o julgaram culpado, por ter morrido por mim numa cruz. Eles o trataram como criminoso porque ele me deu vida, o culparam porque ele curava os cegos e levantava os paralíticos, porque ele amava todas as pessoas independente de quem fossem. Então quase sem gotas de sangue ele me deu um motivo pra viver quando eu não existia. Ele se faz presente quando eu sinto falta de um pai, e não deixa que a escuridão me toque. Eu me surpreendo com o que aprendo sobre ele todos os dias. Nós temos uma boa amizade, e eu escuto sua voz. Valeu Jesus, tu rula e mata a pau!

So I’ll carry my cross, and I’ll carry the shame - Third day - Carry my cross

quinta-feira, 2 de julho de 2009

Slips away

"In your surrender, as You laid down your life. You took up a sinner's cross, and your life rescued mine. In this redemption, love and mercy displayed, You lifted my eyes to see, that your truth never fails. Lord of the heavens, king of all days, without You my world slips away. Redeemed by your mercy consumed by your grace. Now I live for You. I'm found in the arms of love, for your love it has saved my soul. I'll run to your arms of love, your light's gonna lead me home. Glorious saviour in your light I am free. The things of this world will fade, still You are all that I need. At your cross I lay my burdens, at your feet, where your love covers all I've done. Now I walk with You lord."

"Jesus, without You my world slips away."

quarta-feira, 1 de julho de 2009

When the oceans rage

Cansado de escrever, mesmo que a única maneira de expressar indignação seja esta. Eu não posso conversar com a minha mãe, meu melhor amigo vive longe por causa de um carro. Minha melhor amiga mora na capital, e minha colega de trabalho foi demitida hoje. Ela não encarou isso nada bem, e muito menos eu. Era a única pessoa com quem eu ainda podia conversar, e agora, um buraco me aparece no meio do caminho. A verdade é que eu me sinto como um suspiro, que não sabe dizer nada sobre o problema, mas sabe que a situação não está bem. Eu só quero gritar bem alto e expressar a fúria, hoje não é um bom dia.

Meu pai sentou comigo na área muitos anos atrás em uma das poucas conversas que tívemos de verdade, em alguma noite que ninguém ligou desesperado por ajuda no meio de uma janta em família, no meio de um filme, ou até mesmo numa programação de longa data. Naquela noite, de bastante calor, ele sentou comigo, cansado depois de alguma brincadeira marcial e falou de assuntos que eu não entendia muito bem. Ele conversava sempre comigo como se eu precisasse entender logo, como se eu fosse adulto. Sempre quis que eu entendesse tudo rápido, e eu me esforçava por fazê-lo.
Ele me deu bons conselhos e disse, quando o mar rugir contra ti, e as ondas começarem a te afogar, vem conversar comigo, que eu conheço boas soluções para os problemas, passei por isso tudo antes, e nosso papo acabou por ali. Hoje, eu tenho tanta coisa dentro de mim, tantos maremotos e ondas que quase me afogam, mas simplesmente continuo deixando que a tempestade tome forma, porque não sei como acabar com ela, e não conheço ninguém que saiba a resposta. Não são problemas comuns, são situações que para mim somente meu pai saberia resolver.

Todo domingo quando eu caminho do São Cristovão até minha casa, me fere lembrar que eu não posso perguntar. Os problemas estão aqui, agora, e eu não um tenho professor, eu não tenho conselheiro, eu não tenho um ajudante. Então tudo vai se acumulando e eu chego no ponto extremo da aflição gritando bem alto dentro de mim. Eu respiro fundo, e quando penso em soltar um grande berro, lembro que não posso berrar, não é certo perguntar o porquê das coisas, quando não existe um porquê. Então eu baixo a cabeça e relembro a frase, "Quando as ondas vierem, vem falar comigo". Eu penso comigo, você não está mais aqui, e isso dói.

Eu não lembro de nada.