sábado, 11 de agosto de 2012

Eu sou eu mesmo, toda vez que sento nessa cadeira divago sobre o que os outros que lerem este blog pensariam de mim. Penso em escrever de outro jeito, como outra pessoa, com outro humor, como se eu não viesse aqui sempre que me sinto triste, desmotivado, memorável ou cheio de algum sentimento forte. Hoje é um daqueles dias em que a lágrima quer descer, mas não existe. E por falta de lágrimas um sentimento estranho fica indo e vindo. O medo da mortalidade é fraqueza é o que penso, o meu silência é outra fraqueza, eu deixei de contar as coisas para os outros. Deixei de contar o que se passa comigo. Quando eu era pequeno e levava um xingão ou raramente era injustamente reprovado, me guardava um pensamento de fechar-me como concha, cuidar da minha vida, sozinha, notas, comida, dinheiro, tudo, e eu só tinha dez anos quando esse pensamento me era injetado. Eu guardo coisas pra mim agora, fiquei amargo, seco, com essa armadura feita de pele dura, como uma couraça de rinoceronte que não se penetra tão fácil. Eu luto todos os dias pelo pão, pelo dinheiro, pelas contas, pelo meu futuro amoroso, contra picuinhas, problemas de outros, eu faço de conta que nada mais dói até porque verdadeiramente não sobrou nada pra doer. Algo me aperta com força aqui dentro e se eu soubesse o que é, faria algo, tentaria resolver sozinho como eu tenho feito há exatamento dois anos e dois meses. Eu perdi o gosto pelos amigos, estudo, comida, e a maior parte dos sonhos que eu tive. Tudo mudou neste ano pra mim, eu sou real agora, não um sonhador. Eu sinto que vivo, e não que estou em algum filme, ou no fundo de uma memória de foto. Toda a amargura por ser o jovenzinho esquecido no dia da morte do pai, aquela dor por ter sido tão reprovado anteriormente num desafio amoroso, aquele fardo por assumir responsabilidades de velho tão cedo só fazem mais real a teoria de que o Deus que eu conheço nos trata pelo sofrimento. O David de cinco anos atrás não aguentaria uma semana no meu lugar, e se eu me julgo forte hoje, é porque Deus teve misericórdia de mim, me fez suar, me faz pezar, me fez crescer.