sexta-feira, 6 de março de 2009

Walk on the line

O meu nome não é importante, mas quando eu fiz vinte e quatro anos, fui assaltado, quando fiz vinte e cinco, roubaram-me novamente. Com vinte e seis, eu não tinha onde morar, e aos trinta, era apenas um pensamento esquecido na cabeça do meu filho. Ninguém mais lembra onde eu fiquei, onde me deixaram depois daquele verão na praia. E eu ainda estou caminhando no asfalto esperando que me encontrem, mas parece que nunca voltaram pra procurar. Às vezes eu chuto latas, eu vejo o sol nascer contra o meu rosto, eu vejo carros passarem.

Eu sou uma pessoa muito feliz, eu tenho sempre em mente que se perde apenas aquilo que se deseja perder. Eu sinto que vou fazer uma boa amizade, e bons laços com pessoas que não conheço, mas nunca me passou pela mente que elas pensassem em mim, como um sem-teto. Eu não sou sem-teto. Vivo pela vida, e a vida é o meu lar, é onde volto todas as noites e me deito, não nas memórias límpidas ou no som estridente dos grilos contra os ouvidos, mas no mar. No mar de gramas sorridentes que me acolheu.
Se eu pudesse dar algo importante a alguém, daria um abraço, limpo, cheiroso, daqueles que não se podem comprar. O mundo está cheio deles, em algumas famílias amavéis cheias de bom louvor. Eu por outro lado, tenho bons amigos, que eu espero por mim há vinte quatro anos. Oito mil setecentos e sessenta dias esperando por uma resposta, por uma esperança, por quatro pessoas.

Aos vinte e quatro me roubaram a infelicidade, aos vinte e cinco, o ódio, aos vinte e seis roubaram meus direitos, e aos trinta me assassinaram. Hoje eu sou apenas uma lembrança, que pousou nos sonhos de alguém que não conseguia dormir, mas que se lembrou da época em que eu sorria até a barriga doer. Eu não estou mais aqui, e já fazem vinte anos, oito mil setecentos e sessenta dias, que eu não vi o sol nascer, o sol brilhas, o sol morrer. Isso nunca me fez falta, e não faz agora.

Eu acho que ela gosta de ti...

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