sábado, 11 de julho de 2009

Dawn scream

Ontem foi o auge do meu desespero. Quase setecentos e trinta dias prendendo no peito uma frase, sem dizê-la, e foi na madrugada de ontem que eu deixei ela sair acompanhada de uma respiração irregular. Uma mulher muito sábia me disse um dia, "rapaz te solta agora, porque eu demorei muito pra deixar sair de dentro de mim tudo que me prendia, e cinco mêses depois, quando eu estava sozinha em casa, foi que caiu a ficha e eu deixei me levar pelo sentimento". Eu descobri que se você leva tempo demais pra lidar com suas perdas, se perde no tempo, e se perde na vida. E é uma questão de saber controlar-se.

Eu luto pra não cair todos os dias, eu trabalho com pessoas todos os dias pensando no que elas poderiam pensar e dizer. Eu não era ligado ao que as outras pessoas pensavam sobre mim, e em certos aspectos continuo indiferente ao que falam, mas uma parte de mim nestes últimos tempos vem me chamando a atenção dizendo o que devo fazer. Então mesmo que não me importe com o que divaguem, ainda assim faço da maneira daquele que se preocupa com os outros e seus chiliques. Eu simplesmente preciso me encontrar nessa meia fase adolescente/adulto.
Eu não consegui dormir. Estava caminhando no meio daquela floresta e me via lutando mais uma vez. Desesperado, comecei a correr e golpear dando cada segundo pela minha vida, seus olhos eram horríveis, mas não podiam me ferir, e mesmo sabendo da vitória, precisava continuar. Acordei assustado, sem ter ao menos dormido, e foi então que ao lado da Ana citei as palavras que tanto me incomodavam nestes setecentos e trinta dias de espera sem fim, ela me entendeu, me aconselhou, tudo que ela sempre faz.

Eu não sei como acabar este texto, talvez com meu grito que não foi dado na madrugada. Com meu dramalhão de cada dia pelos frascos e comprimidos. Não sei realmente o que te dizer, só que ando cansado, pensando demais e me preocupando demais. Acho que eu deveria me abrir mais com as pessoas, despejar os problemas, sabe, fazer algo pra que a o peso seja descarregado em algum amigo seguro. Mas no fim eu arrumo uma maneira de resolver tudo, eu sempre resolvo como costumo dizer, e ainda saio com um sorriso por cima de toda história, mesmo que seja de um grito na madrugada.

Ele quer me matar, e eu sinto isso...

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