terça-feira, 6 de maio de 2008

Hearts and minds

Lavando a louça ocorre a ele o que devia fazer, mas ele sabia que o tempo era curto. O pensamento o invadiu e ele se deixou levar rapidamente. Estranho havia sido como havia demorado tanto tempo para que o tivesse certeza do que faria. Largou os copos, fez um sanduíche e deu algumas desculpas ao resto das pessoas, dizendo que tinha compromissos mais cedo. Ele sabia onde precisava ir, ele entendia seus motivos, mesmo que somente uma força descomunal pressionasse seu peito, com grande dor e desespero. Tomou a mochila, um casaco preto e um sanduíche deixando a porta para trás.

O sol já não era visto naquele dia de inverno. As nuvens estavam por toda parte e ele sabia que seis horas não era um bom horário para visitas. Comia seu sanduíche aflito, apenas mordia os pedaços e os engolia rapidamente. Não havia gosto, não havia formato, nem paladar para ele. Tudo se resumia em chegar logo. Em falar logo, em colocar aquele grito pra fora e dizer algumas verdades. O frio tomava a cidade e tudo ia escurecendo, seus passos aumentavam de velocidade e ao ponto em que chegou ao outro lado da cidade já corria como perdido. Ele precisava se desfazer daquela dor. Corria, passava por carros, pessoas desconhecidas e a escuridão tomava a cidade cada vez mais. Ele precisava visitá-lo, ele precisava saber a verdade.
Atravessou muitas ruas com o fôlego em destaque, e quando chegou a um cruzamento deserto parou. Uma música enchia seus ouvidos com nostalgia, sorrisos e abraços. Ele queria desesperadamente se livrar da bagagem, dar sumiço a verdade e esconder seus olhos. Chegou ao destino, entrou rapidamente e sentou-se. Olhou para a visita como quem não diz com licença, mas nada lhe foi dito. Ele contou a verdade, gritou algumas palavras inaudíveis enquanto vez por outra olhava aos lados para que ninguém o atrapalhasse. Já era tarde. A noite havia chegado. O visitante foi deixado ir embora, deixando ali todos sabendo o que ele precisava dizer. O recado havia sido dado. Ele estava em paz. Prometeu o futuro, e todas as suas forças para aqueles que nem mesmo o ouviam.

Ele desceu a rua cheia de paralelepípedos. Pegou algumas balas, relembrou o que foi dito, virou a esquina, e olhou para as casas atrás de si. O que falara era segredo, ninguém deveria ter ouvido. Aliviado, colocou a mochila nas costas que agora já havia perdido peso e foi embora a passos largos. Era hora de voltar. Hora de voltar essa que lhe deixou atordoado, não sabia mais o que o esperava pela frente, somente que já tinha total convicção do que fazer.

Eu realmente não sei porque demorei tanto tempo pra vir aqui!

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