sábado, 8 de novembro de 2008

The leaving song

Naquela época eu costumava rir até minha barriga doer. Eu tinha uma família, um cachorro, alguns amiguinhos de escola. Eu costumava sentar na varanda para comer sorvete em noites quentes de domingo. Eu era o cara que tomava frente quando alguma coisa dava errado. Sempre fui eu quem se irritava nas viagens sobre motoristas que não conheciam o caminho. Eu fui o cara mais sentimental possível, eu dei valor as pessoas, e elas precisavam. Eu cantei, homenageei, candidatei-me e sobrevivi. Recebi a notícia de que minha vida mudaria, mudei, e nem ao menos perguntei porquê. Desde então nunca mais eu fui uma criança. Nunca mais pude ser inocente. Nem ao menos despreocupado.

Eu sei que sou dramático. Mas sempre foi meu jeito de ser, e é assim que eu sou. Comédia, apenas para os tempos em que eu não preciso resolver asneiras. Ou me preocupar com elas. Desde meus tempos nunca mais dormi sem pensar no amanhã. Nunca mais marquei um programa sem pensar na repercussão que teria. Tudo começou a mudar, o que as pessoas falavam, o que os amigos diziam, se diziam, como diziam e sobre o que falavam. Eu fiquei cansado das minhas mudanças. E mudei, pra variar. Eu posso não ser totalmente o senhor felicidade, mas estou bem. Por fim, bem.
Porque a vida começou a mudar enfim. Hoje, eu posso buscar pra mim, pra preencher as minhas necessidades. É difícil, eu confesso, mas eu estou disposto a pagar o preço. Não tenho idéia se funcionará, mas quem disse que alguma vez eu tive certeza de alguma coisa. A verdade é que eu amo. E minhas tentativas tem dado tão certo, que às vezes me apavoram. Enfim, vivendo e descobrindoque nem todos preferem os mesmos caminhos. E nesta hora, eu sigo o meu. Tentando ser meu sonho. Tentando sonhar sozinho.

Essa canção é triste. Mas sacrifícios não são atos felizes. Esta é a última vez, acredito que em muito tempo, que meu coração vem a fora. Hoje começa um tempo diferente em que outra pessoa, começará a escutá-lo, a aconselhá-lo, e amá-lo. Não preciso mais do blog para desabafos. Porque aos poucos eles acabarão. E quando terminarem, tocarei apenas aquela velha música, em acordes surrados, notas rasgadas e melodias amareladas. Para que todos lembrem da canção do rapaz que partia. Para não voltar como costumava ser. Pela última vez.

E eu descobri que meu castelo foi construído, sobre colunas de sal, e areia.

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