sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

Fechadura arranhada

Eu costumo guardar muitos segredos, me fecho com as pessoas, e quando me abro, deixo pedaços de quem eu sou nas mãos de vários, pra que nenhum em seus momentos de ira possa me destruir. Sempre fui desta maneira, nunca decidi mudar isto. Desde pequeno tive a necessidade de ser desta maneira, costumava me entregar, contar de quem gostava, de quem não gostava, do que fazia, ou nunca tinha feito, e assim meus amigos me batiam com minhas fraquezas. Então após algumas bofetadas, aprendi de alguma maneira que não deveria largar tudo nas mãos de uma pessoa, a menos que ela merecesse, e muito.

Amigos de verdade não são fáceis de serem encontrados, na verdade em toda a vida, é possível contar nos dedos de uma mão talvez a quantidade daqueles que mudaram o curso da nossa vida. Não se trata de alguém que te deu a mão para subir em uma árvora, mas daquelas pessoas que choram contigo na hora do desespero, que lutam contigo na hora da morte, daquelas que fazem o que não costumam, só pra que você se sinta alegre. Acho que esta deve ser a minha definição pra bom amigo, ou pelo menos a momentânea.
Mas para que eu não me perca, eu não conto segredos. Eu me fecho, como uma concha, pra que ninguém saiba o que se passa aqui dentro. Os problemas amarelos eu abro com uma pessoa, os vermelhos com outra, e os azuis com alguma outra. Maneira estranha esta de ser, mas que me possibilita continuar a ser eu mesmo. Conheço apenas três pessoas pra quem costumo contar todas as cores e todas elas não estão aqui. Então eu componho histórias pra quando nos encontramos, ou nos perdemos.

A verdade é que o David gosta de compartilhar a vida, quando tem certeza de que ele confia, independente da pessoa ser confiável. Mas alí está a confiança dele depositada. Ele prefere contar para muitos, porque amigos verdadeiros, que após anos não vão embora, são poucos, e prefere dividir seus segredos, porque toda vez que pensa no porquê de fazer isso, ele ouve uma voz que por muito achar dizia com todas as sílabas e com todas as vozes. Você se fecha, não conta seus segredos.

A praia está o máximo, deixa eu te contar o que tá passando no cinema...

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