domingo, 15 de fevereiro de 2009

Quiet in my town

Hoje eu caminhei pelas ruas da minha cidade, e chovia muito. Nas costas eu tinha a mochila, no ouvido eu tinha fones, e nas mãos um guarda chuva, um guarda chuva fechado. Hoje eu escutei algo, o silêncio, o silêncio das ruas, porque hoje a minha cidade estava quieta, silenciosa, calada. Hoje, eu deixei que a água caísse como um grande lençol, deixei que molhasse minhas roupas, meus braços, minha cabeça, deixei que lavasse meu coração. Hoje eu dei adeus a minha cidade. Hoje eu caminhei pelas ruas, indefeso, molhado, rendido às minhas antigas memórias.

As minhas pernas ficaram fracas, eu me assustei um pouco. Provavelmente lá no fundo a palavra deveria ser, desesperado pelo ocorrido, mas é a verdade. Elas tremeram, enfraqueceram, e o meu coração bombeou sangue muito rápido por todo corpo, eu senti uma descarga de adrenalina, e logo iniciei uma pequena caminhada, tentando conter tudo isso. Nossa, como eu sentia falta disso. Acho que certas coisas nunca se perdem, por mais enterradas que estejam. E por mais estranho, e antigo que isso seja, hoje, antes de mais nada, eu senti minhas pernas tremerem. Há alguma coisa no ar.
Eu sentei em um banco vermelho, aquele velho amigo das noites em que preciso rir, e ser o único no meio de tantos casais risonhos. É incrível como uma hora e meia mudam seu humor, porque quando você decide ser feliz, você já é. Não existe uma lição, apenas a decisão, e quando você estende a mão a ela, ela cuida de você, mesmo em um cinema, abarrotado de casais risonhos. Eu consegui rir até minha barriga doer, e meu humor, voltou a mim, quando eu caminhei pelas ruas.

Hoje eu vi um rapaz caminhar pelas ruas da minha cidade, ele tinha um guarda chuva fechado na mão, uma mochila, e fones de ouvido. Ele caminhava de cabeça baixa, e nada disse quando passou na minha rua, acho que depois que virou a esquina, seguiu a jornada, e não sei pra onde ele foi, ele parecia feliz, e tão triste, me parecia que algo o incomodava, que ele precisa se livrar de algo. Mas acho que ele não sabia o que era, parecia sufocado, abatido. Rendido por uma chuva que molhava seus cabelos e escorria pelos braços. Mas eu não posso segurar este silêncio mais, porque hoje há muito silêncio na minha cidade.

Não, nós não vamos casar, nós só gostamos de fazer tudo juntos...

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