sábado, 20 de junho de 2009

Once

Eu nunca me esqueço que gostava de uma menina na primeira série, ela era pequena assim como eu, tinha um cabelo longo, e isso eu não tinha. Ela tinha sardas, sentava sempre perto de mim, ou eu perto dela, e costumávamos fazer dupla sempre. Coisa de criança essa pensar que o mundo se resume à primeira série. Lembro que uma noite antes de dormir, e antes do meu pai me contar uma das poucas histórias inventadas dele, eu o perguntei como raios se pedia pra namorar com uma garota, ele disse que eu era muito novo para aquele tipo de coisa, mas eu insisti e ele acabou me relatando o curiso conto sobre o dia em que ele conversou com o meu avô a respeito da minha mãe, e seus sentimentos.

Eu lembro da história, que a minha mãe acabou repetindo pra mim mais tarde. Era uma vez um rapaz feliz da vida chamado Antonio, que sempre procurava uma moça que fosse diferente das outras, coisa que todo mundo faz, mas nega, ou não, o mundo é indeciso. Até que um dia, enquanto namorava uma perdida qualquer que não seria uma boa mãe pra mim, viu e falou com uma tal de Adriana, e essa era show de bola, boa mãe por sinal. Então depois de alguns mêses e enrolações os dois começaram a namorar, e a garota malvada caiu pra escanteio eternamente.
Mas a história mesmo é sobre o pedido, e pra começar o meu avô não era o tipo com quem se toma chá das cinco. Era o tipo de cara que se envolvia em brigas de bar, matava cachorro com facão, dava cavalinho de pau e gritava mais alto que todo mundo. Pra se ter noção, os rapazes na rua chegavam a dizer, não mexam com aquela alí, porque ela é filha do Manoel. Graças a Deus meu avô mudou. Mas um belo dia, todo apavorado ele foi lá e disse, to afim da tua filha e quero namorar. Corajoso ato acredito eu.

Nenhum namorado da minha mãe jamais foi até ele algum dia fazer o mesmo, e eu acredito que aquilo deve ter mudado por um milésimo de segundo a imagem que o meu avô tinha da vida. Ele limpou a garganta, olhou estranho e perguntou se meu pai tinha algum trabalho, a resposta foi afirmativa, e ele disse "então tá". Até hoje eu admiro meu pai por tal ato corajoso e pela total imprevisibilidade do meu avô. Mas vai saber, um dia acontece pra todo mundo, ou não, o mundo é muito indeciso. A minha pergunta mesmo, é quantas vezes se encontra o amor da sua vida?

Hey galera, vamo toca nos jovens hoje aquela música do Jacó! Ah Luciano, tô dando aula para os gêmeos do meu chefe, muito engraçado!

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