sexta-feira, 3 de julho de 2009

Through the wilderness

Uma aglomeração cuspia na cara dele, zombava do meu melhor amigo. Gritavam alguns palavrões sobre ele, dizendo que merecia. Havia uma multidão enorme naquele lugar, e haviam escolhas pra que ele fosse liberto, mas o povo gritava pra que o matassem, pra que caísse ao chão e tomasse a mesma morte de todos os ladrões, uma morte sem honra, uma morte indigna, uma morte de dor, e o pior tipo de morte que existe. O chão cheio de pedras lembrava ele do que viria a seguir. O solo era áspero, sem sandalhas ele carregava o peso da humilhação nas costas, todos riam, gritavam, como se o Coliseu tivesse sido construído pelas ruas da cidade. E machucado, me passa o pensamento de que ele foi moido pelas minhas transgressões.

Provavelmente com ninguém na multidão corajoso suficiente pra ajudá-lo, pra gritar seu nome, ele lembrou dos bons momentos. Talvez ele pensava na noite anterior quando ninguém se juntou a ele na batalha. Talvez passaram pensamentos da época em que era uma criança. Ele sabia o porquê de haver nascido homem, do porquê de crescer nesta terra. Então os tapas e gritos o faziam voltar a realidade. E provavelmente lá no fundo ele pensava ainda com alguma esperança, vale a pena pelo David, tudo isso vai valer a pena por você.
Eles o chutavam , e começaram a machucar seus membros, havia sangue alí, e ele foi torturado, machucado, moido, mutilado. Se sentiu só, e eu me lembro de suas palavras que diziam, se você encontrar problemas, lembre-se que eu os encontrei antes e venci. E mesmo com toda aquela dor ele não gritava, gemia um pouco, mas não abria sua boca, ele recordava da infância, dos irmãos dos bons momentos, e quando as forças lhe faltavam, lembrava que eu precisava dele, e que ele não podia desistir, por minha causa.

Ele lembrou que venceu o inimigo no deserto, que caminhou até os mais longos vales e não desistiu. Eles o julgaram culpado, por ter morrido por mim numa cruz. Eles o trataram como criminoso porque ele me deu vida, o culparam porque ele curava os cegos e levantava os paralíticos, porque ele amava todas as pessoas independente de quem fossem. Então quase sem gotas de sangue ele me deu um motivo pra viver quando eu não existia. Ele se faz presente quando eu sinto falta de um pai, e não deixa que a escuridão me toque. Eu me surpreendo com o que aprendo sobre ele todos os dias. Nós temos uma boa amizade, e eu escuto sua voz. Valeu Jesus, tu rula e mata a pau!

So I’ll carry my cross, and I’ll carry the shame - Third day - Carry my cross

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