quarta-feira, 1 de julho de 2009

When the oceans rage

Cansado de escrever, mesmo que a única maneira de expressar indignação seja esta. Eu não posso conversar com a minha mãe, meu melhor amigo vive longe por causa de um carro. Minha melhor amiga mora na capital, e minha colega de trabalho foi demitida hoje. Ela não encarou isso nada bem, e muito menos eu. Era a única pessoa com quem eu ainda podia conversar, e agora, um buraco me aparece no meio do caminho. A verdade é que eu me sinto como um suspiro, que não sabe dizer nada sobre o problema, mas sabe que a situação não está bem. Eu só quero gritar bem alto e expressar a fúria, hoje não é um bom dia.

Meu pai sentou comigo na área muitos anos atrás em uma das poucas conversas que tívemos de verdade, em alguma noite que ninguém ligou desesperado por ajuda no meio de uma janta em família, no meio de um filme, ou até mesmo numa programação de longa data. Naquela noite, de bastante calor, ele sentou comigo, cansado depois de alguma brincadeira marcial e falou de assuntos que eu não entendia muito bem. Ele conversava sempre comigo como se eu precisasse entender logo, como se eu fosse adulto. Sempre quis que eu entendesse tudo rápido, e eu me esforçava por fazê-lo.
Ele me deu bons conselhos e disse, quando o mar rugir contra ti, e as ondas começarem a te afogar, vem conversar comigo, que eu conheço boas soluções para os problemas, passei por isso tudo antes, e nosso papo acabou por ali. Hoje, eu tenho tanta coisa dentro de mim, tantos maremotos e ondas que quase me afogam, mas simplesmente continuo deixando que a tempestade tome forma, porque não sei como acabar com ela, e não conheço ninguém que saiba a resposta. Não são problemas comuns, são situações que para mim somente meu pai saberia resolver.

Todo domingo quando eu caminho do São Cristovão até minha casa, me fere lembrar que eu não posso perguntar. Os problemas estão aqui, agora, e eu não um tenho professor, eu não tenho conselheiro, eu não tenho um ajudante. Então tudo vai se acumulando e eu chego no ponto extremo da aflição gritando bem alto dentro de mim. Eu respiro fundo, e quando penso em soltar um grande berro, lembro que não posso berrar, não é certo perguntar o porquê das coisas, quando não existe um porquê. Então eu baixo a cabeça e relembro a frase, "Quando as ondas vierem, vem falar comigo". Eu penso comigo, você não está mais aqui, e isso dói.

Eu não lembro de nada.

Um comentário:

Anônimo disse...

Mas tu tens uma grande amiga aqui, pra além destes momentos, estou do teu lado David!
A vida sempre nos surpreendendo, eu penso que além de tentar conviver com aquilo que nos encomoda é necessário enxergar as coisas boas, para de pensar no que está ruim, e procure o que está bom, nem que seja um sorriso nesse teu caminho do São Cristóvão até a tua casa.
Big Hug! and stay strong!