terça-feira, 4 de agosto de 2009

When do you feel free?

Tenho uma lembrança que retornou a mim estes dias. No final do ano de dois mil e sete, por volta de outubro, na última atese que eu participava, chamaram todos os alunos veteranos que não retornariam mais como participantes. Naquele momento eu subi ao palco com mais algumas pessoas, e comecei a ouvir um discurso sobre despedidas, que tinha um primeiro parágrafo escrito por mim. Eu passei três anos vendo meus colegas despedirem-se, e vendo-os chorar, mas não me dei conta de que a minha hora havia chegado. Assistimos um video com alguns melhores momentos, algumas melhores palavras, e quando ele acabou; eu chorei. Eu realmente chorei, como nunca havia feito na vida.

Eu lembro que mandaram uma pessoa para abraçar cada aluno que não retornaria mais daquela maneira, e enviaram um melhor amigo meu na época. Eu não tinha idéia de que aquela perda me significava tanto, eu me sentia completo naquele time, me sentia presente, me sentia líder, e aquela hora me dizia que eu estava perdendo tudo isso. Foi naquele grupo que eu descobri verdadeiras amizades, e mesmo que algumas delas não estivessem lá presentes, um desespero em mim abundava em um choro que eu não conseguia controlar.
Quando recordei daquele momento, me lembrei também que nunca mais me senti tão livre quanto naquele dia. Não que eu precise chorar pra me sentir livre, mas aquele pranto serviu pra que eu me desgarrasse de uma fase da minha vida. Eu não tive vergonha de quem estava ao redor, vendo um moço feito de dezessete anos chorando pelo simples fato de não voltar mais como parte do grupo. Eu me senti livre naquele momento por poder mostrar o que sentia. Naquela hora, eu não estava preocupado com o mundo, só comigo. Livre.

Quando meu pai morreu, eu ouvi inúmeras vezes palavras de apoio como por exemplo, ajude sua mãe, ela precisa de ti, você precisa ser forte por ela, não conta pra ela que ele faleceu, não demonstre que você sabe. Eu decidi ser tão forte que esqueci que a dor também era minha. Eu esqueci de chorar enquanto ela pranteava, eu esqueci de chorar enquanto abraçada em mim ela caminhava ao cemitério. Eu permaneci quieto, tanto que pensaram que eu estive em estado-de-choque o tempo inteiro. Eu esqueci de chorar, e depois de dois anos, você se esquece da dor, esquece de como se desprender disso tudo. De como libertar-se. Eu estou indo embora, porque preciso me sentir livre mais uma vez. Você lembra quando foi a última vez em que se sentiu livre? Eu lembro.

Pô Farias, estas curvas que tu faz acelerando em terceira acabam com o carro...

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