terça-feira, 20 de setembro de 2011

Pai


Eu lembro de tudo que ele disse, e hoje tudo faz sentido. Depois do quarto ano, a lembrança da sua vida e morte me parece realmente um borrão depois de muito remédio e dor de cabeça. Já não faz diferença pensar ou não no que teria sido se eu o tivesse impedido de viajar naquela terça-feira. Depois de quatro anos eu esqueço tudo que antes me machucava. Meu mentor, meu pai, o cavaleiro que aparecia nos meus sonhos com a armadura surrada pelas marcas de batalha agora descansa em paz na minha consciencia. Tanto tempo se passou, mais trezentos e sessenta e cinco dias nos quais eu provei experiências que por terem o sabor amargo e difícil de engolir tem me levado cada vez mais perto do lugar que ele um dia soube e desejou que eu estivesse.
Aqui me estabeleço. Cada estaca que prego sobre minha história se torna cada vez mais firme, e sinto o solo sobre meus pés cada vez mais rochoso. Uma hora a ficha cai de que não existe pai, e a realidade ensina mesmo que com lufadas de vento gelado e murros pesados que o passado não se altera, e que o sol continua nascendo sem parar. A realidade é necessárioa: amadurece, instiga o homem a alterar-se ou sofrer. Eu diria que se tem algo nessa vida que decidi tomar posse desde os dezenove anos é a lei própria de evoluir aprendendo o máximo, com o bem, com o mal, com o sucesso ou a derrota, que a persistência nos leva a elevar-nos com Deus, e que a coragem, a obediência em frente a tentação nos permite fortalecer os músculos espirituais, que a falta de lágrimas muitas vezes nos ajuda a romper barreiras que desconhecíamos, e que pessoas mais velhas sempre tem bons conselhos e devem ser ouvidas, mas nem sempre estão certas.
Realmente quatro anos depois, eu não sinto falta de alguém que ore por mim, que me diga a direção que tomar, essa fase já passou, eu tenho tomado meus rumos, feito minhas escolhas, dirigido tragetórias que me levam onde eu preciso estar. Eu sinto sua falta às vezes, e de tudo que tive na vida, ele foi aquele que me ensinou tudo que precisei pra que a vida não me derrubasse quando ele não estivesse por perto. Me ensinou a importância de exercitar a fé, e fazê-la crescer, a importância de princípios e de que nenhum homem nesta terra merece total confiança lembrando sempre a possibilidade do pecado e imperfeição.
Agora eu não penso no assunto, não penso na sua morte, tanto tempo acho que esta é a frase pra que eu repita e cole nos lembretes do meu cérebro, tanto tempo, quatros anos depois... Tantas coisas pra resolver, tantas coisas passadas que a dor tornou-se pequena, maleável, fácil de lidar. Eu já não preciso segurar o choro escondido, não preciso olhar pras fotos e tentar lembrar das suas experessões e conselhos. Eu vivo em frente com o Pai que me guarda, eu vivo em frente erguendo espadas que não são minhas e salvando quem estiver pela frente. O tempo me provou verdadeiro o grande amor. Queria que ele fosse vivo, mas não desprezaria em momento algum o ensinamento, a salvação e o homem que me tornei por causa de sua morte.

Eu quero ser um pai tão bom e melhor do que foi o meu.

Um comentário:

NITT "Now Is The Time" disse...

Simplismente LINDO, sabes que "Eles" têm mto orgulho de ti! ;) És um menino abençoado! Beijos e DTA =)

Tefy ;D